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Limites Importam: Recomendações Atuais Sobre o Tempo de Tela para Crianças

“Doutora, quanto tempo de tela é demais?” Esta é, sem dúvida, uma das perguntas que mais ouço no consultório. Em um mundo onde as telas estão por toda parte, é natural e correto se preocupar com o impacto disso no desenvolvimento infantil. A boa notícia é que a ciência tem sido muito clara sobre quais são os limites saudáveis.

O que a Ciência Diz? (Principais Achados)

Um importante artigo de revisão publicado em 2024 na Public Health in Practice analisou as diretrizes das maiores organizações de saúde do mundo (incluindo a OMS e a Sociedade Brasileira de Pediatria) para criar um consenso.

Pérolas Clínicas (As recomendações):
  • Menores de 2 anos: Zero tempo de tela recreativa. A exceção são videochamadas com familiares, sempre com supervisão. O cérebro nesta fase precisa de interação 3D (mundo real) para se desenvolver.
  • De 2 a 5 anos: Máximo de 1 hora por dia. É fundamental que o conteúdo seja de alta qualidade (educativo, lento) e que os pais assistam juntos (“co-viewing”) para explicar o que está acontecendo.
  • Acima de 5 anos (até adolescentes): Máximo de 2 horas por dia de tempo de tela recreativo (jogos, redes sociais, vídeos).
  • Os Riscos do Excesso: O estudo reforça a forte associação entre o excesso de telas e diversos problemas: atrasos no desenvolvimento da fala, piora na qualidade do sono, maiores índices de obesidade e maiores dificuldades de atenção e regulação emocional.
Como Isso Orienta Minha Prática Clínica?

Meu papel não é julgar, mas informar. Eu uso essas diretrizes como uma base sólida para orientar as famílias. Não focamos apenas em “quanto tempo”, mas também em “o quê” e “como”.

Discutimos alternativas: quais são as “zonas livres de tela” na casa (como a mesa de jantar e os quartos) e quais atividades não-digitais a criança gosta? O objetivo é encontrar um equilíbrio saudável, onde a tela não substitua as interações sociais, o brincar livre e a atividade física.

Dica para os Pais (O que você pode fazer?)

  1. Seja o Exemplo: As crianças imitam os adultos. Tente controlar seu próprio uso de celular perto delas.
  2. Qualidade > Quantidade: É melhor 30 minutos de um conteúdo educativo e interativo do que 30 minutos de vídeos rápidos e superestimulantes.
  3. Crie “Atrito”: Não deixe o tablet ou celular sempre à vista e disponível. Guarde-o e defina horários específicos para o uso.
  4. Conexão antes de Conexão: A regra de ouro é: “Menos tela, mais conexão”. Priorize o tempo de qualidade, olho no olho, com seu filho.

(Referência: Screen time guidelines for children and adolescents: A systematic review of recommendations. Public Health in Practice, 2024.)

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